Fusquinha Epoca da Guerra!!!

Fusquinha velho de guerra
Publicada em 31/08/2009 às 14h50m
Jason Voguel
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RIO - Há 70 anos, Adolf Hitler entrou numa de que seria o dono do mundo e deu vazão a seus delírios expansionistas invadindo covardemente a Polônia. Era 1º de setembro de 1939 e começava ali a Segunda Guerra Mundial. O conflito durou até 1945, provocou 70 milhões de mortes e transformou a história do planeta.

Para lembrar a data, encontramos um veterano soldado alemão no Brasil - um Fusquinha velho de guerra... O carro é obra de João Barone, apaixonado por histórias da Segunda Guerra e que, nas horas vagas, se transforma em baterista dos Paralamas do Sucesso.

- Já restaurei modelos usados pelos Aliados e há muito tempo queria ter uma "viatura inimiga", conta o músico.

Confira as imagens do fusquinha

Como veículos tedescos são extremamente raros por aqui, foi preciso dar um jeitinho: Barone comprou um escombro de Volkswagen "split" 1952 para transformá-lo no clone de um KdF-Wagen Typ 60, usado por tropas alemãs nos anos 40.

Cabe a explicação: o projeto do Fusca nasceu na década de 30 com o nome de Volkswagen. Porém, ao lançar a pedra fundamental da fábrica, em 1938, o governo nazista rebatizou o carro como KdF-Wagen - a sigla era de "Kraft durch Freude", ou "força pela alegria", organização voltada ao lazer dos trabalhadores na Alemanha de Hitler.

Com a eclosão da guerra, a produção civil foi cancelada para dar lugar à fabricação de modelos militares como o Typ 82 (Kübelwagen, jipe com tração traseira), o Typ 92 (o Kommandeurwagen, com carroceria de Fusca e tração 4x4) e o Typ 166 (o anfíbio Schwimmwagen).

Barone resolveu replicar um KdF Typ 60, o besouro padrão, porém com luzes militares e pneus lameiros.

- Achava que ia ser mais fácil do que restaurar um Jeep, mas tive que começar a entender um novo universo: o dos Volkswagen - conta.

Zezinho Delatorre, grande bamba na recuperação dos Jeep Willys militares, aceitou encarar o desafio em sua oficina, na Ilha do Governador.

O trabalho demorou um ano e meio. O capô traseiro (do tipo que os Volkswmaníacos chamam de "W") teve que ganhar um ressalto de placa. O painel foi refeito e ganhou um velocímetro mais antigo. Tudo foi recriado em chapa.

Os para-choques foram feitos em São Paulo e os vidros das portas passaram a ser inteiriços. Luzes de posição, lanternas, retrovisores e calotas dos KdF foram garimpados em vendedores na França e na República Tcheca. No fim, tudo foi pintado de amarelo escuro fosco - ou "dunkelgelb", cor das viaturas alemãs a partir de 1943.

Detalhista ao extremo, o baterista diz que ainda há serviço pela frente. Melhorar as forrações, por exemplo.

- Tivemos a oportunidade de dirigir a viatura tedesca numa acidentada estradinha de Itaipava. E é incrível a

valentia do carrinho, com seu motor de 1.131cm³. Com escape de apenas uma saída e menos isolamento acústico, o som é diferente do que se ouve nos Fusca mais recentes e dá o clima da época. A suspensão por barras de torção vence os buracos sem sofrimento. E lá vamos a galgar colinas do norte da Itália, em algum lugar do passado mas, agora, curtindo o KdF sem temer morteiros dos Aliados.

FICHA TÉCNICA

KdF-Wagen Typ 60

ORIGEM: Alemanha

MOTOR: Traseiro, a gasolina, quatro cilindros contrapostos, refrigerado a ar, oito válvulas, 1.131cm³, potência máxima de 24,6cv (a 3.250rpm) e torque máximo de 7,1kgfm (a 3.000rpm). Taxa de compressão de 5,6:1

TRANSMISSÃO: Tração traseira, câmbio manual de quatro marchas

SUSPENSÃO: Independente nas quatro rodas, por barras de torção

FREIOS: A tambor nas quatro rodas, com acionamento mecânico por cabo

DIMENSÕES: Comprimento: 4,07m; entre-eixos: 2,40m
PESO:720 quilos
VELOCIDADE MÁXIMA: 105km/h
CONSUMO: 15km/l (a 60km/h constantes)